Solenidade em homenagem ao Dia Municipal da Consciência Negra em Ubá

Aconteceu na noite desta sexta-feira, 17 de novembro, na Câmara Municipal de Ubá, a solenidade do Dia Municipal da Consciência Negra, em parceria com a Associação Cultural de Combate à Discriminação Racial Solano Trindade.
Esta homenagem originou-se do Projeto de Lei nº 37, de 1997, de autoria dos vereadores, à época, Fernando Antônio Fagundes Reis e Paulo César Raymundo, sancionado pelo então Prefeito Narciso Paulo Michelli, que o transformou na Lei Municipal nº 2.736, de 2 de julho daquele ano.
Procura-se, com a referida Lei, deixar registrada, como data cívica em nosso Município, o dia dedicado ao herói Zumbi dos Palmares e, principalmente, ressaltar a importância da difusão dos movimentos sociais populares, em especial os vinculados aos trabalhos da conscientização racial.
A mesa Diretora desta Sessão Solene foi composta pelo Presidente da Câmara Municipal de Ubá, Vereador José Roberto Reis Filgueiras, Prefeito Municipal de Ubá, Sr. Edson Teixeira Filho, a Coordenadora Geral da Associação Cultural de Combate à Discriminação Racial Solano Trindade, Sra. Ângela Teixeira de Paula, a Secretária Nacional de Gestão da Promoção da Igualdade Racial do Ministério da Igualdade Racial, senhora Iêda Leal de Souza, o Assessor da Deputada Dandara, Marlon Marques, o Servidor da Superintendência de Ensino de Ubá, senhor Edimar Lopes, o Coordenador da Defensoria Pública da Comarca de Ubá, Dr. Guilherme Barquette Fernandes, representando a OAB de Ubá, Dr. André Luís da Silva Gomes, a Presidente da Associação Comercial e Industrial de Ubá, Sra. Izabel Vieira Guimarães, o Doutor em Direito, Instituições e Negócios, Rafael Bitencourt Carvalhaes e os Vereadores de Ubá, José Carlos Reis Pereira, José Damato Neto e José Maria Fernandes.
A apresentação do Hino Nacional, do Hino de Ubá e da música Aquarela do Brasil, foram executados pelo maestro Wantuil Alexandre, ao saxofone, e pela musicista Tatiane Andrade, ao teclado, além de uma apresentação da talentosa Lorena Bernardo Lourenço, que apresentou a música: "Sorriso Negro".
Tivemos também uma apresentação do grupo Senzala, com maculelê e capoeira, com o mestre Tarcísio, a mestre Tida, o mestre Luiz Claudio e a mestre Lilica, além de uma enriquecedora Palestra com o Sr. Rafael Bitencourt Carvalhaes, sobre políticas públicas para o enfrentamento racial.
Os homenageados da noite foram o Senhor Cláudio Davi Gomes, Senhor Jardel Lucio de Castro Almeida, Senhora Maria da Glória de Oliveira Silva, Senhor Robson Bernardo Silveira e a Senhora Roseli Ribeiro.
Cláudio Davi Gomes
Conhecido como Cacau, é natural de Ubá. Filho de Onofre Gomes e Conceição Aparecida Davi Gomes e morador do bairro São Domingos há 61 anos.
Casado com Maria de Fátima Moura Gomes há 41 anos, com quem tem os filhos: Washington, Cláudio e Renata. Cláudio tem 5 netos: Nycole, João Luccas, Arthur, Alice e Mirella.
É autônomo, trabalha na profissão de pintor de parede há 49 anos, desde os seus 12 anos de idade.
É músico, toca Tarol (torozeiro) na sociedade musical 22 de maio, há 47 anos, desde os 14 anos de idade.
Torce para o flamengo, e é ritmista da escola de samba unidos do São Domingos.
Jardel Lucio de Castro Almeida.
Ubaense, funcionário da empresa Sier Móveis há mais de 6 anos, cursou o ensino médio na Escola Estadual Raul Soares de 2010 a 2016, estudou Usinagem Mecânica no Senai de Ubá nos anos de 2015 e 2016, e em 2020 se formou em história pela Unicesumar.
Foi coordenador de estoque na Sier Móveis de 2017 até 2022.
Como estagiário no ensino médio na Escola Estadual Raul Soares, em 2020 e 2021, exercia o trabalho de apresentação e desenvolvimento de aulas, aplicação e correção de provas, e auxílio na coordenação das classes.
Desenvolve trabalhos sociais na cidade há mais de 6 anos, com a academia de Capoeira Garra Mineira, onde é contramestre de capoeira, desenvolvendo a educação de jovens nas áreas periféricas da cidade.
Entre suas habilidades estão: Gestão de pessoas, tomada de decisões, resolução de problemas difíceis, e inteligência emocional.
Maria da Glória de Oliveira Silva
Nascida na cidade de Rodeiro no ano de 1955, Maria da Glória mudou-se para Ubá no ano de 1979. Pertence a uma família de cinco irmãos, é mãe de Paulo Roberto e Rosane Aparecida, e tem dois netos: Ítalo e Miguel.
Desde os anos 80, trabalhou com círculos bíblicos na zona rural no Córrego da Moradinha em Rodeiro, Córrego Santana, Mangueira Ubá, e Bairro Palmeiras Ubá. Também fez parte da associação de moradores do bairro Meu Sonho.
Em 1989, foi convidada para fazer encontro de casais, e assim trabalhou por alguns anos, atuando também nos encontros de adolescentes. Foi ministra da Eucaristia por quatro anos e participou por muitos anos da pastoral operária e Comunidade Eclesiais de base.
Maria da Glória foi coordenadora da Associação Cultural de Combate à Discriminação Racial Solano Trindade por dois mandatos, de 2008 a 2014, foi conselheira no Conselho Municipal de Saúde durante vários anos, participou de diversas conferências: da saúde, da assistência social e da igualdade Racial.
Foi eleita coordenadora de catequese do bairro Meu Sonho, com representação na coordenação da Paróquia Divino Espírito Santo, em seguida passou para a paroquia de Nossa Senhora do Rosário, sendo transferida para a paroquia de Santa Bernadete. Hoje é vice-coordenadora da Associação cultural de Combate à Discriminação Racial Solano Trindade- AST.
Robson Bernardo Silveira
Robson é filho de Dionísio dos Reis Silveira e Jacinta Bernardo de Paula. Foi criado com o irmão Flávio Bernardo Silveira até os 15 anos de idade, na zona rural da Pedra Branca. Ubaense, é casado com Nayara Santos Monteiro Bernardo Silveira.
Estudou o Ensino Fundamental em Tocantins e o Ensino Médio na Escola Estadual Senador Levindo Coelho. Cursou Geografia na Universidade Presidente Antônio Carlos, ganhando medalha como melhor aluno do curso.
Possui Pós-graduação em Meio Ambiente, Educação Especial, Inspeção e Supervisão. Começou a trabalhar aos dezesseis anos na Distribuidora de livros Bandeirante, onde permaneceu por doze anos.
Na Educação, iniciou sua carreira na Escola Estadual Deputado Carlos Peixoto Filho (Polivalente), lecionando também na Escola Estadual Dr. José Januário Carneiro, Escola Estadual Senador Levindo Coelho, CEJEP e Colégio Objetivo.
No ensino superior, trabalhou por oito anos na Unopar. Atualmente é professor efetivo do Cesec Ubá e da Escola Estadual Padre Joãozinho, na qual exerce a função de Diretor escolar desde 2016. Seu trabalho à frente da escola prioriza o bem-estar e a qualidade de ensino dos quase 700 alunos matriculados, assim como dos 70 profissionais envolvidos.
Roseli Ribeiro
Conhecida como Mestre Lilica, Roseli nasceu em Ubá, é filha de João Ribeiro e Conceição de Oliviera Ribeiro, e mãe de Caio Francisco Ribeiro Bressan. Formada com licenciatura plena em educação física, pela faculdade UNIFAGOC em 2005, também é funcionária pública da área da Saúde.
Mas a capoeira sempre foi muito forte em sua vida, presente há mais de 35 anos, e representa a união da família. Iniciou em 1986, por influência do seu irmão, Mestre Tarcísio, na academia do Mestre Sérgio Sabatine, onde treinou até 1990. Em 1991, seu irmão Tarcísio e alguns amigos fundaram o Grupo de Capoeira Guerreiros de Zumbi. Em 1992, este Grupo filiou-se ao grupo Centro Cultural Senzala de Capoeira. Nesta época já treinava com o Mestre Tarcísio. Após receber a corda laranja no grupo Senzala, passou a treinar com a Mestre Tida.
Começou a dar aula de capoeira ainda muito cedo, em uma escola, para crianças, com a supervisão da Mestre Tida e do Mestre Luiz Cláudio, que dava aulas para adultos, na mesma escola (Curumim II).
Ministra aulas de capoeira desde os seus 16 anos, há 28 anos, em escolas, academia, projetos sociais (secretaria social e secretaria cultural), e participa de vários eventos de capoeira, cursos, rodas, apresentações de capoeira, maculelê, ciranda, puxada de redes entre outras.
Mestre Lilica treinou capoeira com a Mestre Tida até a sua graduação Marrom, que recebeu no ano de 2012. Atualmente treina com o Mestre Tarcísio, ambos a acompanham em todas os momentos da sua trajetória, inclusive em sua formatura, ocorrida no período de 20 a 23 de julho de 2022.
É idealizadora do projeto capoeira Crescer, voltado para crianças em situação de vulnerabilidade social do Bairro São Domingos, hoje administrado pelo mestre Tarcísio Ribeiro.
Trabalhou também em diversos projetos sociais, na Escola Caic, Curumim II. Hoje desenvolve um trabalho na Associação Cultural Solano Trindade e na Studio Senzala, com o Projeto Entrelaços. E viaja por todo o Brasil levando o nome da capoeira e também da cidade de Ubá, participando de Palestras, Ministrando Wokshops, promovendo e divulgando a arte.
No contexto da celebração do Dia Municipal da Consciência Racial, a Superintendência Regional de Ensino de Ubá, em parceria com a Associação Cultural de Combate à Discriminação Racial Solano Trindade, realiza, desde 2015, um concurso de redação nas escolas estaduais do município, que tem a finalidade de estimular a escrita e aguçar o senso crítico dos alunos em relação ao tema proposto no ano, dando a dimensão da importância do debate sobre o combate ao preconceito e a discriminação racial em sala de aula e na sociedade.
Na oportunidade foi entregue a premiação de 3º colocado ao aluno, Isaac Fernandes Liquer, do 9º ano 5 do Ensino Fundamental da Escola Estadual Dr. Levindo Coelho, a redação vice-campeã no concurso, com a medalha de prata foi para a aluna Yasmin de Souza Coelli Cassimiro do 8º ano 2 do Ensino Fundamental da Escola Estadual Padre Joãozinho e a medalha de ouro, de primeiro lugar, foi entrege a aluna da Escola Estadual Doutor Levindo Coelho, Vitória Laura Reis Ferreira.
O Dia Municipal da Consciência Negra, comemorado também a nível nacional no dia 20 de novembro, dia da morte de Zumbi dos Palmares, reforça a busca por ampliação de políticas afirmativas, igualdade de oportunidades e respeito pelo passado e presente do povo negro. Reconhecimento, empoderamento, negros e negras qualificados, igualdade de oportunidades. Este é o cenário que se deve buscar para o futuro!
Em sua fala o Presidente da Câmara Municipal de Ubá, Vereador José Roberto Reis Filgueiras, afirmou que Poder Legislativo Ubaense se sente honrado em realizar este evento, levando-nos a refletir sobre o racismo e a certeza de que, para o seu fim, não basta mudar a política ou a economia e que para eliminar o racismo de uma sociedade, é preciso mudar sua cultura na difusão de outros valores e atitudes. Segundo ele, atitudes como estas que a Associação Cultural de Combate à Discriminação Racial Solano Trindade tem trabalhado.