Dra. Mayara Souza ressalta a importância da escuta, da empatia e do acolhimento psicológico no tratamento da fibromialgia durante audiência na Câmara de Ubá
A psicóloga clínica Dra. Mayara Souza emocionou o público presente na audiência pública sobre fibromialgia e dor crônica realizada na Câmara Municipal de Ubá na noite do dia 21 de maio, com uma fala profunda, empática e voltada para o lado humano da dor. A audiência foi promovida pela Comissão de Pessoas com Deficiência e idealizada pela vereadora Aline Melo, que tem se destacado pela defesa de pautas ligadas à saúde, acolhimento e inclusão social.
“Quando recebi o convite da vereadora Aline, pensei: já vão falar dos sintomas, eu quero falar com a pessoa que sente essa dor. Quero falar com quem está sofrendo”, iniciou a psicóloga, deixando claro o tom da sua abordagem: falar com e para o paciente, não apenas sobre ele.
Mayara destacou que a fibromialgia vai muito além da dor física. Ela carrega consigo um peso emocional e social invisível, muitas vezes mal compreendido — inclusive dentro de casa. “O sofrimento do paciente fibromiálgico é real, mas socialmente invisível. É uma dor que não aparece em exames, que não sangra, não imobiliza fisicamente, mas que, internamente, paralisa a vida.”
Segundo a psicóloga, o diagnóstico costuma vir após longos períodos de dor e desamparo. Quando o paciente chega à psicoterapia, muitas vezes já está emocionalmente exaurido. “É uma história de cansaço, de solidão. E ainda há o estigma, os olhares de desconfiança, os julgamentos dentro da própria família. A dor vira sinônimo de preguiça ou exagero. Isso adoece ainda mais.”
Mayara destacou que o papel da psicoterapia é essencial no tratamento multidisciplinar da fibromialgia, especialmente para romper ciclos de ansiedade, depressão, baixa autoestima e isolamento. “É um ciclo cruel: a dor gera estresse, o estresse agrava a dor, e essa relação retroalimenta o sofrimento psicológico.”

Entre os temas mais sensíveis abordados por Mayara estava o sentimento de culpa e vergonha que muitos pacientes carregam. “Quando você vê alguém com a perna quebrada, entende o repouso. Mas quando vê alguém com fibromialgia deitado, cochilando, sem conseguir levantar, a interpretação comum é: preguiça. O que o paciente está fazendo ali é procurando a posição menos dolorosa. Ele não quer ficar ali. Ele está tentando sobreviver à dor.”
Outro ponto de destaque foi a psicoeducação e a validação do sofrimento. “Muitos pacientes chegam dizendo: ‘fui diagnosticado com fibromialgia, mas nem sei o que é isso’. Nosso papel é ajudar essa pessoa a entender o que ela sente, a se compreender, a se aceitar e, acima de tudo, a não se julgar.”
A psicóloga também apontou que os principais objetivos terapêuticos vão além do alívio da dor. São eles: a reconstrução da autoestima, a redução da ansiedade e da depressão, o fortalecimento emocional, a melhora na convivência social e familiar, e a tomada de decisões importantes sobre estilo de vida. “A dor precisa ser ouvida, não apenas tratada. Escutar o paciente é também cuidar dele.”
Encerrando sua fala, Mayara compartilhou uma frase que resume sua prática clínica:
“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.”
O público aplaudiu de pé. A vereadora Aline Melo agradeceu emocionada e reforçou a importância de levar adiante esse debate. “Hoje mostramos que a fibromialgia não é apenas uma dor no corpo — é uma dor que afeta o ser humano por completo. Essa escuta, esse espaço de fala e acolhimento, precisa ser garantido.”
A audiência, que reuniu profissionais de diferentes áreas — medicina, fisioterapia, nutrição e psicologia — foi um marco na luta pela visibilidade e pelo cuidado integral às pessoas que convivem com a fibromialgia.
Confira na íntegra a participação da Dra. Mayara Souza:
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