O Papel do Vereador: Fiscal do Povo, e Não Subordinado do Prefeito

Em tempos de redes sociais e política cada vez mais midiática, tornou-se comum ver vereadores estampando fotos e vídeos ao lado de prefeitos em inaugurações, eventos e anúncios de obras. Embora a parceria institucional entre os poderes Executivo e Legislativo seja saudável e necessária, é preciso lembrar e reforçar que o vereador não é um assessor do prefeito, nem tampouco um mero “carimbador” de projetos enviados pelo Executivo.
Ele é, antes de tudo, um representante direto do povo, com funções bem definidas pela Constituição e pela Lei Orgânica do Município.
Fiscalizar é dever, não favor
Uma das principais atribuições do vereador é fiscalizar a atuação do Executivo — ou seja, acompanhar de perto como o prefeito e sua equipe estão administrando os recursos públicos, se as leis estão sendo cumpridas e se os serviços essenciais estão sendo oferecidos com qualidade à população.
Quando um vereador abre mão dessa função para agir apenas como aliado incondicional, ele trai a confiança do eleitorado e transforma a Câmara Municipal em um simples “anexo” da Prefeitura.
Fiscalizar não é fazer oposição cega; é exercer com responsabilidade o papel constitucional de equilíbrio entre os poderes.
Legislar com independência
Os vereadores também têm a função de elaborar, discutir e aprovar leis municipais que impactam diretamente a vida da população. Isso exige independência política e autonomia intelectual.
Votar sempre a favor de tudo que vem do Executivo, sem análise crítica, significa abrir mão do dever de avaliar o mérito dos projetos, muitas vezes aprovando medidas que podem prejudicar os cidadãos, aumentar impostos injustamente ou comprometer o orçamento público no longo prazo.
A imagem do “vereador de joelhos”
Quando um vereador passa o mandato inteiro de mãos dadas com o prefeito em fotos, inaugurações e eventos, transmite uma imagem clara: de submissão, não de parceria.
Essa postura pode até render curtidas e aparências de “prestígio”, mas na prática, demonstra perda de autonomia e enfraquecimento do Legislativo, que deveria atuar como um poder independente e altivo.
O eleitor atento percebe quando seu representante virou apenas um “figurante” no marketing político do Executivo.
Consequências de um Legislativo submisso
Uma Câmara sem independência:
- Deixa de fiscalizar corretamente, abrindo espaço para irregularidades e má gestão;
- Aprova leis sem debate, prejudicando setores importantes da sociedade;
- Enfraquece a democracia local, já que não cumpre seu papel de controle;
- Afasta o cidadão da política, gerando desconfiança e descrédito nas instituições.
No fim, quem perde é a população, que vê seu representante eleito renunciando ao mandato fiscalizador para viver à sombra do poder Executivo.
O vereador não deve “ser contra”, mas deve “ser do povo”
Independência não significa ser oposição sistemática, mas sim ter coragem para questionar, propor melhorias e votar com consciência, pensando sempre no interesse público.
Um bom vereador sabe reconhecer quando o Executivo acerta, mas também não hesita em denunciar, questionar ou propor alternativas quando necessário.
Conclusão
A Câmara Municipal é o espaço da pluralidade, da voz do povo e do equilíbrio democrático. Vereador que esquece disso e passa o mandato ajoelhado para o prefeito, posando para fotos e repetindo discursos prontos, não cumpre sua missão.
Mais do que aliados de governos, os vereadores devem ser aliados da comunidade. É essa postura que fortalece a política local e constrói uma cidade mais justa, fiscalizada e democrática.
Por: Zona da Mata News