Audiência Pública discute fechamento dos supermercados aos domingos em Ubá

Audiência Pública discute fechamento dos supermercados aos domingos em Ubá

Na noite desta quarta-feira, 11 de junho, a Câmara Municipal de Ubá foi palco de uma audiência pública que movimentou representantes do setor supermercadista, trabalhadores, vereadores e cidadãos ubaenses. O tema em debate: a possibilidade de proibir, por meio de lei municipal, o funcionamento de supermercados, hipermercados e similares aos domingos.

A iniciativa partiu do vereador André Eustáquio Alves (PL), autor do requerimento nº 628/2025, que propôs a audiência, e também do projeto de lei nº 33/2025, atualmente em tramitação na Casa. Durante sua fala de abertura, André destacou que a medida não representa um ataque à liberdade econômica, mas sim uma ação em defesa do trabalhador, da convivência familiar e de uma cidade mais justa.

“É hora de pensarmos numa cidade onde o crescimento econômico caminhe lado a lado com o bem-estar social. Essa proposta busca garantir um dia de descanso digno para os trabalhadores e fortalecer os laços familiares”, afirmou o parlamentar.

A audiência contou com a presença de empresários e representantes de grandes redes supermercadistas de Ubá, além de funcionários e ex-funcionários do setor. Compuseram a mesa nomes como Geraldo Gomes da Silva, proprietário do Supermercado Sacola Silva que tomou a decisão de fechar seu comércio aos domingos; Edivaldo de Oliveira Nogueira, sócio do Supermercado Líder; João Paulo Pereira, sócio do Nova Era; além de representantes operacionais e colaboradores.

Empresários defendem o fechamento unificado

Geraldo Gomes, do Sacola Silva, foi o primeiro a se pronunciar. “Já vivi a rotina de abrir aos domingos. Sei o quanto isso afeta o convívio com a família. A gente sente na pele. Não abrimos aos domingos justamente por respeitar esse descanso. Mas sabemos que, quando um abre, os outros se sentem pressionados”, relatou.

Na mesma linha, Edivaldo Nogueira, do Supermercado Líder, reforçou que a abertura dominical é uma imposição do mercado e não uma escolha. “Nas cidades vizinhas, nossas lojas não funcionam aos domingos. Mas aqui, por conta da concorrência, somos obrigados a abrir. E isso prejudica não só o descanso, mas a dignidade do colaborador”, disse.

Ele ainda destacou a importância de resgatar valores:

“Qual é o valor de um domingo com a família? Isso não tem preço. Precisamos repensar a lógica em que o lucro vem antes das pessoas.”

Participação ativa e clima de respeito

A audiência seguiu com falas de outros representantes, como Luiz Eduardo dos Santos (Líder), Isabel Vieira (Vieirão), que defendeu o livre comércio e, portanto, é contra o fechamento, Marialva Belli (funcionária do Nova Era) e Neidson Carvalho, ex-funcionário do Bahamas. Os depoimentos foram marcados por reflexões sobre a sobrecarga de trabalho, qualidade de vida e o impacto social de se abrir mão do domingo como um dia de descanso e convivência.

O presidente da ACIUBÁ, Silber Silveira, também participou da mesa e se colocou à disposição para contribuir com os próximos debates sobre o tema.

Caminho democrático

Ao final, o vereador André Eustáquio ressaltou que o objetivo do encontro foi garantir ampla participação e construir um caminho conjunto e equilibrado para a questão.

“Não se trata de impor. Trata-se de ouvir, refletir e decidir com base em argumentos e na realidade vivida por quem está no setor. A audiência cumpriu seu papel e os próximos passos dependerão desse diálogo contínuo com toda a sociedade. Nosso objetivo ao promover esse espaço de diálogo foi justamente garantir que uma decisão de tamanha relevância seja tomada com base na escuta ampla, no respeito à diversidade de opiniões e na busca pelo equilíbrio entre os interesses coletivos e os direitos individuais. Reforço que todas as colocações feitas aqui serão levadas em consideração pelos parlamentares durante a tramitação do projeto nesta Casa. Destaco que esta Casa Legislativa sempre estará à disposição da população ubaense para tratar de assuntos relevantes”, concluiu.

Em depoimento à nossa reportagem, o presidente da Aciubá, Silber Silveira, disse que defende o livre comércio para o desenvolvimento econômico e sugere que cada supermercado negocie com seus colaboradores através da convenção coletiva com os sindicatos, laboral e patronal.

A audiência foi transmitida ao vivo, com espaço reservado para questionamentos da população presente, reforçando o compromisso da Câmara com a transparência e a participação cidadã.