Operação Onipresença investiga possível existência de associação criminosa composta por profissionais do hospital Casa de Caridade Leopoldinense

Operação Onipresença investiga possível existência de associação criminosa composta por profissionais do hospital Casa de Caridade Leopoldinense

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) Regional da Zona da Mata – unidade de Visconde do Rio Branco, em conjunto com a Coordenadoria Regional das Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde da Macrorregião Sanitária Sudeste e com a Promotoria da Saúde de Leopoldina, deflagrou, na manhã de hoje, 12 de dezembro, a operação Onipresença.

O objetivo da operação é apurar a possível existência de uma associação criminosa composta por profissionais integrantes do corpo clínico e da administração do hospital Casa de Caridade Leopoldinense, causadora de graves riscos à saúde e à vida dos usuários atendidos na entidade hospitalar, conveniada ao SUS.

Estão sendo cumpridos quatro mandados de prisão temporária, seis mandados de afastamento das funções e 20 mandados de busca e apreensão, em dois hospitais da e uma clínica de anestesiologia nas cidades de Leopoldina e Além Paraíba.

As investigações tiveram início para apurar a realização de plantões simultâneos em locais e hospitais distintos, a realização de cirurgias eletivas nos dias de plantões de urgência e anestesias simultâneas, pelos profissionais médicos investigados. A distância entre a Casa de Caridade Leopoldinense, localizada em Leopoldina, e o Hospital São Salvador, situado em Além Paraíba, é de 55 quilômetros.

Com a evolução das apurações, foram constatadas a prática de delitos ainda mais graves, que geraram a exposição dos pacientes a riscos concretos. Inclusive, cirurgias e anestesias eletivas da rede suplementar foram realizadas pelos médicos investigados, durante a escala de sobreaviso da urgência e emergência – Rede Resposta de Urgência e Emergência.

Com as investigações, descobriram-se fortes indícios do vínculo subjetivo entre os profissionais médicos investigados para a prática de crimes de peculato (art. 312 do CP), bem como para conservarem um esquema de manipulação de escalas médicas, cirurgias simultâneas/sequenciais e cirurgias eletivas durante o plantão SUS, com a prática do crime de falsidade ideológica (art. 299 CP), infringindo, por conseguinte, o tipo penal de expor a perigo a vida ou a saúde de outrem (art. 132 CP), dentro do contexto da infração penal de associação criminosa (artigo 288 do Código Penal).

Combinações de versões, falsidades documentais médicas, manipulação de documentos importantes e até mesmo imputação de responsabilidades a pessoas aparentemente inocentes, foram algumas das condutas levadas a efeito pelos investigados. As apurações revelaram ainda práticas de fraudes, ocultação de erros médicos e até subtração de materiais necessários à realização de cirurgias.

A operação conta com a participação de promotores de Justiça, servidores do Ministério Público, policiais militares e civis.